terça-feira, 5 de outubro de 2010

Revolução Industrial

A inglaterra no seculo XVI a XVIII

O processo de desenvolvimento capitalista, intensificado pela revolução comercial dos séculos XVI e XVII, estava, até então, ligado à circulação de mercadorias. A partir da segunda metade do século XVIII, entretanto, iniciou-se na Inglaterra a mecanização industrial, desviando a acumulação de capitais da atividade comercial para o setor da produção. Esse fato trouxe grandes mudanças, tanto de ordem econômica quanto social, que possibilitaram o desaparecimento dos restos das relações e práticas feudais ainda existentes e a definitiva implantação do modo de produção capitalista.

O início do processo industrial na Inglaterra deve-se, principalmente, ao fato de ter sido esse o país que mais acumulou capital durante a fase do capitalismo comercial. Nos séculos XVII e XVIII, a Inglaterra, graças a seu poderio naval e comercial, conseguiu formar um dos maiores impérios coloniais da época. Esse processo iniciara-se com a vitória inglesa contra a Invencível Armada espanhola de 1588, seguido dos Atos de Navegação de 1651, que atingiram especialmente os Países Baixos, seu maior rival no comércio e nos mares. O coroamento veio com o Tratado de Methuen, de 1703, assinado com Portugal, que abria os mercados portugueses e de suas colônias aos manufaturados ingleses.

Revolução Industrial (século XIX)Inglaterra na Revolução Industrial

No campo, o estímulo à produção com técnicas e instrumentos inovadores e o desaparecimento dos pequenos proprietários, por causa dos cercamentos, integraram o trabalho rural ao sistema capitalista em desenvolvimento. O êxodo rural provocado pelos cercamentos permitiu que grandes empresários e nobres –robber barons (“os barões salteadores”) - se apossassem de pequenas propriedades agrícolas por compra ou processos judiciais. Paralelamente, as levas de camponeses que se transferiram para as cidades formaram um grande contingente de mão-de-obra disponível – o chamado exército industrial de reserva –, essencial para a ocorrência da Revolução Industrial. Londres, por exemplo, de 1700 a 1800 era a cidade mais populosa da Europa. Devido à escassez de emprego, essa volumosa mão-de-obra de baixíssimo preço vinha ao encontro dos anseios dos industriais já que o custo da força de trabalho era muito pequeno, eles podiam aplicar grandes somas de capitais em novas instalações.

Politicamente, a Revolução Gloriosa sepultou o absolutismo ao estabelecer a supremacia do Parlamento e inaugurar o Estado liberal inglês, pré-requisito para a plenitude capitalista burguesa que se instalaria com as maquinofaturas. A própria aristocracia inglesa, por não dispor de pensões como acontecia na França, acabou por ver com simpatia as atividades comerciais e industriais, integrando-se a elas muitas vezes.

Completando o quadro, a Inglaterra contava com abundância de ferro e carvão, matérias-primas fundamentais para a construção e o funcionamento das máquinas e para a produção de energia.

O surgimento das fábricas

0 desenvolvimento mercantil inglês impulsionou a busca de novas técnicas e métodos de produção de mercadorias. Assim, a produção realizada nas casas ou nas oficinas foi substituída, no decorrer do século XVIII,, pela produção nas fábricas. Esses estabelecimentos concentra vam um número maior de operários, utilizando-se de equipamentos fornecidos pelo empregador e produziam para um mercado mais vasto.

A organização das fábricas ampliou o controle do empresário sobre o trabalhador que ainda detinha os conhecimentos técnicos sobre a produção. Criaram-se nelas uma hierarquia e uma ordem inexistentes no sistema doméstico e nas oficinas. A partir de meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras máquinas na indústria têxtil do algodão, já existia nas fábricas um operário disciplinado e assalariado.

As primeiras invenções que deram inicio ao processo de mecaniza ção da produção ocorreram no setor têxtil do algodão que, por ser uma atividade mais recente na Inglaterra, não estava controlado pelos regu lamentos das corporações de ofício. A indústria algodoeira concentrava-sena região do Lancaster, próxima ao porto de Liverpool, ligada ao comércio colonial, que recebia a matéria prima do Oriente, das Antilhas, do Brasil e das colônias inglesas da América.

As máquinas que revolucionaram a produção do algodão foram: a "spinning-jenny", ou filatório, uma roda de fiar composta que produzia oito fios ao mesmo tempo, criada por James Hargraves, em 1767; a "water-frame" ou bastidor hidráulico, que produzia fios para a urdidura e a trama do tecido, desenvolvida por Richard Arkwright, em 1769; e a "mula", uma versão aperfeiçoada das duas máquinas anteriores, patenteada em 1779 por Samuel Crompton, que chegava a produzir 400 fios da melhor qualidade (mais finos e mais resistentes) ao mesmo tempo. Em 1785, Edmund Cartwright criou o tear mecânico aumentando a produção de tecidos e em 1792, Eli Whitney inventou o descaroçador do algodão, barateando a oferta da matéria prima em bruto.

0 avanço técnico decisivo para a mecanização da indústria foi a utilização da energia a vapor, a partir da máquina criada em 1712 por Thomas Newcomen e aperfeiçoada em 1769 por James Watt, um construtor de instrumentos científicos da Universidade de Glascow. A máquina a vapor de Newcomen foi muito empregada nas minas de carvão para bombear a água; as modificações introduzidas por Watt permitiram a sua utilização nas indústrias. A energia a vapor substituiu com enorme vantagem a energia muscular, hidráulica ou eólica, até então usadas para movimentar as máquinas.

A energia a vapor possibilitou o crescimento da mineração, da metalurgia, da tecelagem e dos transportes; foi aplicada às máquinas de bombear a água e de içar os minérios do fundo das minas, tornando o carvão mais barato; movimentou fábricas de fiação, de tecidos, de cerveja, de papel e moinhos de grãos.

As inovações tecnológicas atingiram a indústria metalúrgica com a invenção do laminador para a fabricação de chapas de ferro e com o método de pudlagem que eliminava o carbono do minério de ferro, produzindo um metal de melhor qualidade e mais forte. 0 ferro foi utilizado na fabricação de máquinas mais resistentes, que podiam ser moldadas de forma padronizada, substituindo a madeira.

0 uso do ferro e da energia a vapor permitiram a invenção de barco a vapor (1807), da locomotiva a vapor (1822) e de ferrovias de uso comercial facilitando e barateando o transporte a longa distância de matérias primas, mercadorias e passageiros. Criaram-se também melhores arados e generalizou-se o uso da debulhadora e da ceifadeira, A máquina a vapor e a indústria do ferro contribuíram para a primeira arrancada da Revolução Industrial. "0 mundo industrial tornou-se como uma imensa fábrica, onde a aceleração do motor, sua desaceleração e suas paralisações modificam a atividade dos operários e regulam a produtividade".

Antes da invenção da máquina a vapor, as fábricas situavam-se em zonas rurais próximas às margens dos rios, dos quais aproveitavam a energia hidráulica. Ao lado delas, surgiam oficinas, casas, hospeda rias, capela, açude, etc. A mão-de-obra podia ser recrutada nas casas de correção e nos asilos. Para fixarem-se, os operários obtinham longos contratos de trabalho e moradia.

Com o vapor, as fábricas passaram a localizar-se nos arredores das cidades, onde contratavam trabalhadores. Elas surgiam "tenebrosas e satânicas", em grandes edifícios lembrando quartéis, com chaminés, apitos e grande número de operários. 0 ambiente interno era inadequado e insalubre, com pouca iluminação e ventilação deficiente.

Até o século XVIII, cidade grande na Inglaterra era uma localidade com cerca de 5 000 habitantes. Em decorrência da industrialização, a população urbana cresceu e as cidades modificaram-se. Os operarios, com seus parcos salários, amontoavam-se em quartos e porões desconfortáveis, em subúrbios sem condições sanitárias.

As cidades tornaram-se feias e negras, envoltas numa atmosfera fumarenta, estendendo por todos os lados seus subúrbios mal construí dos. ( .... ) Nelas desenvolveu-se uma vida urbana que a velha Inglaterra não havia conhecido. Era a massa enorme e confusa do proletariado, que ocupava o formigueiro industrial com seu movimento disciplinado; a cima dela, dirigindo para seu lucro todo o mecanismo da grande indústria, a aristocracia manufatureira, a classe poderosa dos capitalistas fundadores e proprietários das fábricas".

O cotidiano dos trabalhadores

A revolução industrial exigia grande concentração de trabalhadores nas fábricas. O seu aspecto importante foi a separação entre os trabalhadores e os meios de produção. com isso esses operários passaram a ter uma vida assalariada submetida aos capitalistas, donos dos meios de fabricação.

Uma das conseqüências da revolução foi o crescimento das cidades, visto que os camponeses passaram a vir em grande quantidade para as cidades. Como aconteceu em Londres, que em 1800 tinha aproximadamente um milhão de habitantes.

Nessa época o desenvolvimento industrial e urbano deslocou-se do norte do país. Os grandes centros tinham massas de pessoas para trabalhar, mas vivendo em condições miseráveis.

No quadro de funcionários das fábricas as crianças também eram incluídas, porém estas recebiam salários bem mais baixos que os dos adultos.na indústria têxtil do algodão as melhores formavam até 50 % da massa trabalhadora. Em outras atividades, empregavam-se crianças de até 6 anos de idade. A jornada de trabalho era de até 16 horas por dia. Não havia férias e nem descanso nos fins de semana. Além disso as condições nos locais de trabalho eram péssimas, que colocavam em risco a vida dos trabalhadores.

As fábricas não tinham janelas contribuindo para o aumento da propagação das doenças conhecidas da época. Por isso a vida dos funcionários estava sempre em perigo. A média de vida deles era muito baixa, se comparada com nossos dias.

A mecanização ajudou a desvalorizar o trabalho manual e como conseqüência a diminuição dos salários.

Quando as fábricas ficavam paradas o aumento do desemprego era certo.


Movimentos de constentação

As condições de trabalho levaram muitos trabalhadores a se revoltarem contra as máquinas e as fabricas. Para proteger as empresas, os proprietários e o governo se organizaram militarmente.

O crescimento das lutas operárias obrigou as classes dominantes a criarem leis que garantissem subsistência mínima das pessoas desempregadas. Os motins eram constantes, por causa da fome, em decorrência do aumento do preço dos produtos alimentícios.

Em 1811, eclodiu o movimento ludista ( nome que deriva de Ned Ludlan), que era a revolta dos trabalhadores contra as máquinas. Em 1830, ganhou importância o movimento cartista, que reivindicava o voto universal, visto que quem era trabalhador não tinha direito ao voto.

Os funcionários mais organizados eram os que tinham alguma especialização, como os penteadores de lã. Em geral a organização começava pela cotização de pagar o enterro de algum que morresse. A partir daí, passava-se a ter um caráter reivindicatório.

Isto faz surgir os sindicatos. Estes através das associações conquistaram a proibição do trabalho infantil, direito de greve e a jornada de 8 horas por dia.

Fonte: www.hystoria.hpg.ig.com.br

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